Artesãos que usam material reciclável demandam mais espaços para exposição
Vereador vai solicitar realização de feira periódica na Câmara de BH com atividades de educação ambiental, venda e exposição de artesanato
Foto: Heldner Costa/ CMBH
As possibilidades de geração de emprego e renda a partir da produção artesanal com materiais recicláveis foram discutidas em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, nesta quarta-feira (16/10), sob a perspectiva da sustentabilidade ambiental e da ressignificação dos resíduos urbanos. O requerente da audiência, vereador Gilson Reis (PCdoB), após ouvir artesãos, artistas e representantes de entidades e associações que trabalham com o tema anunciou que vai requerer a realização de uma feira periódica na Câmara Municipal de BH voltada à educação ambiental e à exposição do artesanato produzido a partir de materiais reciclados. Além disso, o parlamentar buscará o cumprimento da Lei 11.126/18, de sua autoria, que garante o uso do espaço público por artistas e artesãos. Reis afirmou que participará, juntamente com movimentos culturais e de proteção ao meio ambiente, em junho de 2020, da organização de um encontro no Parque das Mangabeiras voltado à proteção ambiental.
Uma das principais demandas dos representantes de artesãos que trabalham com a ressignificação de resíduos urbanos, garantindo uma destinação ambientalmente sustentável aos materiais descartados, é a falta de espaços para a exposição de seus produtos. A representante da Associação de Arte, Artesanato e Cultura Sustentável, Elizabete Rosa Soares, afirmou que a partir da produção artesanal, o lixo pode se tornar fonte de renda para diversas famílias, o que garantiria, também, a diminuição da quantidade de materiais descartados em aterros sanitários. Ela explica que membros da Associação promovem oficinas onde ensinam sobre a produção artesanal com materiais recicláveis e discutem conceitos e práticas voltados à sustentabilidade ambiental. A artesã conta que eles buscam eventos, tais como fóruns, feiras e festivais, para vender seus produtos. De acordo com Elizabete Soares, um dos maiores problemas enfrentados pelos artesãos é encontrar espaços onde possam expor e vender os produtos.
Também a artesã e artista plástica Simone Zanol defendeu a necessidade de que se tenha mais espaço para o artesanato com materiais recicláveis. Ela aponta que nem na tradicional Feira Hippie, na Afonso Pena, nem em muitas outras feiras espalhadas pela cidade é possível encontrar artesanato produzido a partir de materiais reciclados. E, como aponta Simone Zanol, há muito material descartado que poderia ser reaproveitado na produção de peças artesanais.
Em atenção à demanda, o vereador Gilson Reis afirmou que vai propor a criação de uma feira periódica na Câmara Municipal para a exposição e venda de produtos artesanais feitos a partir de materiais recicláveis. A feira contaria, ainda, com atividades de educação ambiental em oficinas. O parlamentar defendeu que, além de garantir renda em um período de alto desemprego como o atual, a ressignificação de resíduos urbanos por meio do seu reaproveitamento na produção artesanal auxilia na proteção do meio ambiente.
Gilson Reis também cobrou o cumprimento da Lei 11.126/18, que permite a comercialização de peças artesanais em vias, cruzamentos, parques e praças públicas, desde que sejam de autoria do artista ou grupo de artistas de rua em apresentação e desde que sejam observadas as normas que regem a matéria, bem como a dinâmica do espaço público. A lei é um instrumento importante para que artesãos possam expor legalmente seu trabalho em espaços públicos e o parlamentar vem cobrando o seu cumprimento pelo Executivo Municipal.
Política de reciclagem
A questão da produção, reciclagem e reaproveitamento de lixo foi debatida durante a audiência. Maria José Espírito Santo, que faz parte do grupo Feito Vó, um coletivo formado por artesãs com mais de 60 anos ou que tenham netos, defendeu uma mudança de mentalidade nas pessoas para que se produza menos resíduos, bem como para que aquilo que for produzido possa ser reaproveitado.
A representante da Cooperativa de Materiais Recicláveis da Pampulha, Cleide Maria Santos Vieira, também defendeu a importância do reaproveitamento do lixo. De acordo com ela, quando uma tonelada de papelão é reciclado, mais de 20 árvores deixam de ser derrubadas.
De acordo com o vereador Gilson Reis, falta à Prefeitura de Belo Horizonte uma política consistente de reciclagem de lixo. Ele defendeu uma maior alocação de recursos na área e lembrou que, mesmo com o aumento de mais de 45% na Taxa de Coleta de Resíduos, em um único ano (na gestão do então prefeito Marcio Lacerda), a política de reciclagem de lixo não foi contemplada com os recursos necessários ao seu incremento. O parlamentar afirmou que será promovido, em junho de 2020, referente à Semana do Meio Ambiente, um encontro de movimentos culturais e ambientalistas, no Parque das Mangabeiras, com o objetivo de se discutir o meio ambiente. Durante o encontro, haverá um abraço à Serra do Curral, patrimônio ambiental da capital mineira.
Assisa ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional