TRANSPORTE COLETIVO

Vereadores cobram mais ônibus em operação durante pandemia para evitar aglomerações

Sistema de ar-condicionado nos coletivos também preocupa parlamentares. BHTrans alega que toma medidas contra o novo coronavírus

quinta-feira, 16 Julho, 2020 - 20:30

Foto: Abraão Bruck/CMBH

Os riscos de transmissão da Covid-19 no transporte público municipal coletivo foram debatidos na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, nesta quinta-feira (16/2). A BHTrans foi questionada quanto à redução no horário de operação dos ônibus, à diminuição de veículos em circulação, à quantidade de passageiros, à higienização e aos possíveis riscos relacionados ao uso de ar-condicionado. A empresa de transporte e trânsito informou que toma as medidas necessárias para garantir a segurança sanitária dos usuários, que mantém em operação o número adequado de veículos, que irá instalar um túnel de desinfecção na Estação Pampulha, que fiscaliza as empresas de ônibus e que não pretende abrir as janelas em ônibus que circulam com ar-condicionado.

Wesley Autoescola (Pros) afirmou que a audiência foi requerida tendo em vista reclamações de usuários do transporte coletivo, que relatam ônibus lotados, o que causa preocupação em tempos de pandemia quanto à possibilidade de contágio pelo novo coronavírus. Também é motivo de preocupação, de acordo com o parlamentar, o Decreto 17.383/20, publicado no dia 7 de julho, que reduz os horários de operação dos serviços de transporte coletivo da capital.

De acordo com o Decreto 17.383/20, os ônibus deverão estar em operação aos domingos e feriados, entre 6h e 9h59 e entre 16h e 19h59, exceto linhas alimentadoras das estações de integração, que também terão viagens aos domingos e feriados na faixa horária compreendida entre 20h e 20h59. Já nos dias úteis e aos sábados, a operação dos ônibus ocorrerá entre 4h e 23h59. O decreto anteriormente em vigor previa um horário de operação maior aos domingos e feriados: entre 5h e 21h59.

Autoescola afirmou que o Decreto pode deixar muitos trabalhadores de serviços essenciais sem transporte aos domingos. Ainda de acordo com ele, caso o transporte coletivo não seja bem gerenciado, a Covid-19 pode se disseminar entre a população mais pobre, que é a usuária mais frequente do sistema. Para o parlamentar, a redução dos ônibus em circulação tende a gerar aglomerações, o que aumentaria os riscos de contágios entre os passageiros.

Dimas da Ambulância (PSC) também questionou a BHTrans a respeito da redução dos ônibus em circulação. Segundo ele, o esperado seria a ampliação dos veículos em operação para garantir o devido distanciamento entre passageiros. Diante disso, o parlamentar questionou acerca da possibilidade de ampliação do número de veículos em operação durante a pandemia.

Também Jair Bolsonaro Di Gregório (PSD) questionou se não haveria incoerência em reduzir o número de ônibus e, ao mesmo tempo, defender o distanciamento. Ele lembrou, ainda, que o prefeito antecipou recursos às empresas concessionários do sistema de transporte com o objetivo de manter os veículos em operação durante a quarentena.

Redução de passageiros

Em relação à circulação de ônibus e aos dispositivos que visam a evitar a propagação do vírus no transporte coletivo, o representante da BHTrans, Daniel Marques, explicou que, durante a pandemia, houve grande redução no número de passageiros. De acordo com ele, a redução dos usuários foi superior à diminuição dos ônibus em circulação. Além disso, ele garante que a média de passageiros por viagem tem sido menor durante a pandemia do que o era no período anterior à tomada de medidas de prevenção ao novo coronavírus. Daniel Marques também afirmou que a fiscalização do transporte coletivo está atenta para que as determinações da Prefeitura sejam cumpridas: ônibus articulados com no máximo 20 passageiros de pé; ônibus convencionais com no máximo 10 pessoas de pé; e miniônibus transportando um limite de cinco passageiros em pé.

Sobre o Decreto que reduz os horários de operação dos ônibus aos domingos e feriados, Daniel Marques afirmou que tal medida foi tomada uma vez que, de acordo com ele, as pessoas costumam visitar familiares nessas datas, inclusive idosos, e a redução dos coletivos teria o objetivo de evitar a circulação de pessoas, de modo a diminuir a propagação do novo coronavírus.

O representante da BHTrans garantiu, ainda, que existe a possibilidade de ampliação no número de ônibus em circulação caso haja necessidade, mas ele ponderou que deve-se considerar questões relativas ao número de usuários pagantes e à arrecadação do sistema para que desequilíbrios sejam evitados.

Ar-condicionado

Fernando Luiz (PSD) cobrou a higienização dos sistemas de ar-condicionado dos ônibus como meio de se evitar a propagação do novo coronavírus. Ele lembrou que, como o prefeito havia se comprometido com veículos com ar-condicionado durante a campanha eleitoral, é necessário que haja equipes para a sua devida manutenção.

De acordo com Daniel Marques, a fiscalização tem agido para garantir a devida manutenção dos sistemas de ar-condicionado. Ele afirmou que o poder público municipal tem visitado as garagens dos ônibus para verificar os padrões de manutenção dos sistemas de ar-condicionado que vêm sendo adotados. O representante da BHTrans assegurou que equipes da Prefeitura também têm se reunido com os fornecedores de ar-condicionado para debater questões relativas à devida manutenção e higienização. De acordo com ele, o objetivo da fiscalização, que está em campo, é assegurar que os procedimentos corretos estejam sendo tomados no que tange aos sistemas de ar-condicionado.

Para Pedro Bueno (Cidadania), o ar-condicionado nos ônibus aumenta a possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus. Tal afirmação foi feita tendo em vista estudo científico ao qual o parlamentar teve acesso e que, segundo ele, foi referendado pela Organização Mundial de Saúde. Diante disso, Bueno defendeu que os ônibus sejam adaptados para circularem com as janelas abertas.

Quanto ao estudo citado por Bueno, o representante da BHTrans afirmou que a PBH acompanha pesquisas sobre o tema e afirmou que os diversos tipos de ar-condicionado e as diferenças entre os ambientes onde estão instalados afetam o resultado de pesquisas. Ele defende que, caso o sistema de ar-condicionado seja mantido limpo e as portas dos veículos fiquem abrindo e fechando durante o trajeto, não há necessidade de abertura das janelas. Ainda de acordo com Marques, o ar-condicionado nos ônibus não contribui para a contaminação pelo novo coronavírus.

O representante da BHTrans também afirmou que a PBH é rigorosa na fiscalização dos procedimentos de higienização dos ônibus em geral, bem como dos seus sistemas de ar condicionado em específico. Ele explica que o Município determinou que os veículos sejam limpos ao final de cada viagem. Também com o intento de combater a contaminação, Daniel Marques anunciou que a PBH irá instalar um túnel de desinfecção na Estação Pampulha. O objetivo é impedir que o sistema de transporte coletivo seja um aliado na transmissão do vírus.

Ao saber que não há planos para que os ônibus passem a circular com as janelas abertas, o vereador Pedro Bueno afirmou que irá apresentar uma denúncia sobre tal fato ao Ministério Público. Já Wesley Autoescola lembrou que em outras cidades, como Porto Alegre, todos os ônibus passaram a circular com as janelas abertas em decorrência do novo coronavírus.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional
Audiência pública para esclarecer os riscos de transmissão da Covid-19 no transporte público municipal coletivo - 15ª Reunião Ordinária - Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário