Contrárias ao aborto, entidades defendem redes de apoio a gestantes
Foram abordados impactos físico, emocional e espiritual enfrentados pelas gestantes. Suporte público e de ONGs é fundamental
Foto: Bernardo Dias / CMBH
A Comissão de Mulheres debateu, em audiência pública nesta sexta-feira (18/3), o apoio a mulheres em uma gravidez indesejada. Entidades de suporte a gestantes e parlamentares defenderam a continuidade da gravidez, apontando impactos físicos e emocionais enfrentados pelas mulheres, bem como custos para o governo em casos de aborto. Foi destacada a importância do cuidado integral com a mulher, com atendimento multiprofissional, e o papel das redes de apoio para o enfrentamento da questão.
A vereadora Flávia Borja (Avante), que requereu a audiência, enfatizou que, mesmo que a discussão do tema seja de competência do Congresso Nacional, é fundamental que estado e município ofereçam suporte e redes de acolhimento e proteção a essas mulheres, para que não seja interrompida a gravidez e se perpetuem gerações.
A psicóloga e fundadora do Instituto Vida Maria, voltado ao acolhimento a mulheres com perda gestacional/neonatal, Laís Cabalero, falou sobre sua experiência, quando com 12 semanas de gravidez descobriu que sua filha não sobreviveria após o parto. Embora desesperada e vulnerével, decidiu levar adiante a gravidez e, com 39 semanas, em março de 2020, entrou em trabalho de parto, contando com todo apoio, acolhimento e atendimento humanizado da equipe médica. A criança nasceu, mas sobrevieu por apenas 20 minutos. Foi então que Laís criou o projeto do Instituto Vida Maria, para o atendimento a mulheres dentro das salas de parto.
Redes de apoio
A coordenadora da ONG Apoio a mulheres numa gravidez indesejada (Amgi) e assistente social da Associação Servindo e Protegendo (Assep), Katilene Silva salientou, por sua vez, o trabalho multiprofissional da Amgi, que já evitou o aborto de 3,5 mil bebês. Ela disse que as mulheres que procuram a ONG são assistidas por conselheiros, advogados, nutricionistas, pedagogos, enfermeiros, psicólogos e voluntários formados; e que, ao procurarem a entidade, as gestantes chegam inseguras, sentindo-se sozinhas, sem o apoio de familiares e amigos. Por isso, a Amgi oferece acolhimento à mulher, ao bebê e a toda a família, com cuidado integral à saúde da gestante, nos aspectos emocional, espiritual e físico.
Segundo ela, as mulheres não rejeitam seus bebês, mas o contexto que vivenciam. Katilene relatou que essas mulheres apresentam preocupação não somente com as condições financeiras para receber a criança, mas com sua vulnerabilidade social, lembrando que muitas delas foram abusadas ou abandonadas pelo parceiro.
Entre os cuidados oferecidos, a assistente social citou a realização do exame prenatal; a avaliação de eventual uso de medicamentos para interromper a gravidez; ou do uso de cintas para não mostrar a gestação. A Amgi encaminha essas mulheres para rede de apoio e elas são atendidas por centros de saúde, para a realização de exames, como o ultrassom, onde recebem, também, assistência social. As gestantes são, ainda, encaminhadas para Centros de Referência de Assistência Social (Cras), para fazer o cadastro único; ou para Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), em casos de abuso.
Causas do aborto
Para a fundadora do Projeto Bityah – Apoio a gestantes em vulnerabilidade social, Isabela Mazoni Guimarães, o aborto não é uma solução para a mulher, mas um sinal de que a sociedade falhou no atendimento às necessidades da mesma, no que se refere à sua saúde física e mental, para enfrentar essa situação.
Segundo Isabela, conforme estudo realizado nos Estados Unidos, onde o aborto é legalizado, as principais razões apontadas pelas mulheres para tomar essa decisão são questões sociais (59%); financeiras (19%); pressão do parceiro e de familiares (20%); violência doméstica (1%); saúde da mulher ou do feto (1%); estupro (1%); ou incesto (0,5%). De acordo com o estudo, o aborto pode causar efeitos colaterais físicos e mentais: 81% das mulheres que optam por essa prática têm propensão a problemas de saúde mental; 9% ao suicídio; 62% ao câncer de mama; 60% a abortos espontâneos futuros; e 5% ao uso de álcool e de drogas. Na pesquisa, verificou-se, ainda, que 84% não estavam informadas sobre como se prevenir.
Custos para o Estado
A diretora nacional do Brazil 4 Life, Vera Ribeiro, afirmou também que o aborto não é uma solução para o Estado. Segundo Vera, nos Estados Unidos o aborto custa U$ 350, se realizado nas primeiras semanas de gravidez. Até o 9º mês, ele custará U$ 5 mil. A faixa em que é feito maior número de abortos no mundo é de 10 a 12 semanas, a um custo de U$ 100. No Brasil, onde é realizado 1 milhão de abortos por ano, esses procedimentos totalizam R$ 5 bilhões. A gestora informou que grávidas somam um custo de R$ 2,35 mil no país, o que representa menos da metade do valor cobrado pelo aborto.
Vera salientou, ainda, que a criança sente dores intensas com esse procedimento, com morte violenta. Mostrou, por fim, os tipos de aborto praticados, como sucção ou aspiração; injeção de solução salina; dilatação e curetagem; e uso de drogas e de plantas.
Professora Marli (PP), também autora da audiência, destacou que o Brasil está acima da média de gestações interrompidas (40%); e que esse é um problema de saúde pública, tornando-se mais evidente no período da pandemia. A vereadora e Wilsinho da Tabu (PP) relataram experiências vivenciadas por conhecidos e familiares, em que o aborto não foi a opção escolhida em situações de dificuldade e risco, destacando o valor da vida.
Também participou da audiência a vereadora Fernanda Pereira Altoé (Novo). Assista o vídeo da reunião.
Superintendência de Comunicação Institucional