MOBILIDADE URBANA

Reforma da Afonso Pena inclui faixas para ônibus e instalação de ciclovia

Revitalização que será iniciada em 2023 contará com ciclovia junto ao eixo central da avenida e cinco novos pontos de ônibus

quinta-feira, 25 Agosto, 2022 - 19:00
Três mulheres e quatro homens sentados à mesa em reunião.

Aumento da fluidez no trânsito local, plantio de árvores, instalação de uma ciclovia que irá se conectar a rotas cicloviárias já existentes em Lourdes e Santa Efigênia e mais segurança para os pedestres e ciclistas. Estes foram alguns dos benefícios enumerados por representantes da Prefeitura acerca do projeto de revitalização da Avenida Afonso Pena em audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário nesta quinta-feira (25/08). Solicitada por Braulio Lara (Novo), Fernanda Pereira Altoé (Novo) e Marcela Trópia (Novo) a audiência contou com uma apresentação técnica das modificações previstas e com depoimentos de comerciantes da região, que reclamaram por não terem tido conhecimento prévio do que será feito, nem das datas e etapas previstas, o que pode prejudicar as vendas locais. Os parlamentares reforçaram a necessidade de apresentação prévia desse tipo de intervenção para toda a sociedade, de modo que o Executivo possa receber contribuições diversas. Os vereadores também enfatizaram que, embora se trate de um projeto de mobilidade urbana, ele tem implicações variadas para quem reside, comercializa ou transita no local. Representantes da Prefeitura disseram que a previsão de início das obras é 2023. Eles também se comprometeram a ampliar o diálogo para aperfeiçoar o projeto, que tem custo aproximado de R$ 20 milhões e prevê a instalação de mais de 4km de faixas exclusivas e preferenciais para ônibus, além de tratamento paisagístico e acessibilidade no trecho entre as Praças Rio Branco e da Bandeira.

Fernanda Pereira Altoé disse que este é um grande projeto que impacta vários setores da cidade e, portanto, a apresentação de informações e o diálogo são importantes para que todas possam ser atendidos da melhor forma possível. Altoé afirmou que participa do Grupo de Trabalho (GT) Mobilidade e nunca teve informações sobre o projeto através do espaço mencionado, reforçando que comerciantes e parlamentares tiveram conhecimento da proposta através da mídia, sem que fossem consultados. A vereadora ressaltou que os presentes têm objetivos em comum. “Tudo o que a gente quer é revitalizar Belo Horizonte, com um comércio forte, uma Câmara engajada. Nosso objetivo é contribuir e levar colaboração para todos os envolvidos”, concluiu. 
 
“Nunca houve intenção de tirar o assunto da pauta”, assegurou André Soares Dantas, superintendente da Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob-BH). Dantas disse que a apresentação é uma oportunidade de diálogo, que será contínuo. O diretor de Planejamento e Informação da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Gustavo Kummer, afirmou haver espaço para melhorar o projeto, que nasceu do Plano de Mobilidade e foi incorporado ao Plano Diretor. O plano traz projetos executivos de vários quilometros de faixas de ônibus e ciclovias e inclui a consulta a diversos setores da sociedade, entre eles o GT Pedala e a Câmara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH), além de associação de comerciantes da região. Kummer disse que a previsão de início de implementação é 2023, para não prejudicar a atividade comercial de fim de ano.

Nova Afonso Pena

O diretor explicou que serão implementados cinco novos pontos de ônibus no trecho a ser reformado, para redistribuição de linhas, além de trechos de faixa exclusiva ou preferencial para os ônibus em horários de pico, nas áreas próximas às calçadas. Também será instalada uma ciclovia no eixo central da avenida, que ora estará nos dois lados do canteiro, ora estará sobre o canteiro central. Essa ciclovia fará a conexão com seis rotas cicloviárias existentes. A Avenida Afonso Pena também irá receber um novo projeto paisagístico, com o plantio de 52 árvores, entre elas três jequitibás rosa, e supressão de 15, com reformas pontuais nas calçadas para melhoria da acessibilidade dos pedestres. Gustavo Kummer também mostrou uma simulação de como ficará a Praça Sete, com a ciclovia em destaque, e um trecho em que será instalada uma mureta para coibir o trânsito de pedestres. O diretor reforçou que serão instaladas ilhas de atravessamento para segurança do pedestre e do ciclista.

Os resultados esperados são o aumento de cerca de 47% da velocidade dos ônibus no sentido Bairro Centro e de 11% no sentido inverso, além de 50% da velocidade média do tráfego em geral, o que ocasionará uma redução do tempo de espera e de viagem do transporte urbano. A analista de transporte da BHTrans, Jussara Bellavinha, pontuou modificações que serão feitas na Praça ABC para aumentar a fluidez no trânsito de toda a Avenida Afonso Pena. “Tirando a Av. Amazonas, que conta com tráfego de 630 ônibus em horários de pico, a Av. Afonso Pena é a que tem mais volume de tráfego, com 600 ônibus no mesmo período. O objetivo das intervenções é melhorar o desempenho do transporte coletivo”, disse.

Impactos no comércio

Marcela Trópia ponderou que, quando a implementação de melhorias da Av. Afonso Pena foi anunciada, os comerciantes do Hipercentro a contataram preocupados em enfrentar problemas similares aos das reformas das Avenidas Paraná e Santos Dumont, que “mataram o comércio pujante do Centro”. A vereadora questionou sobre o diálogo com o comércio da região, não somente com a CDL, mas com os pequenos comerciantes. Dantas afirmou que ainda não existe cronograma definido de obras, mas que a intenção do Prefeito Fuad Noman é que haja o mínimo de impacto negativo na região.

Representantes do comércio do hipercentro, como Flávio Assunção, relembraram que as revitalizações das Avenidas Santos Dumont e Paraná trouxeram prejuízo para muitos comerciantes, enfatizando a necessidade de se escolher um cronograma de obras que leve em conta o calendário do comércio e anunciando-o antecipadamente. Comerciantes reclamaram da falta de diálogo por parte da Prefeitura e criticaram algumas mudanças pontuais feitas pela PBH na região, como a proibição de conversão na Praça Sete. Marcos Innecco, representante da CDL/BH, afirmou que o comércio faz florescer a vida da cidade e apontou que o comércio e os serviços sustentam 80% de Belo Horizonte. Innecco pontuou, ainda, que a Praça Rio Branco não está incluída no projeto, ao que Hummel disse que há um projeto específico para o local.

Ciclismo

Braulio Lara disse que Belo Horizonte não tem uma cultura de ciclismo, e que a topografia não favorece a prática. Kummel disse que a instalação da ciclovia atende à determinação da Lei Federal 12.587/2012 e que, ao entrar em contato com o GT Pedala, percebeu que a cidade tem cultura para o ciclismo. “As bicicletas podem tirar os carros das ruas”, defendeu.

Braulio também fez uma breve apresentação sobre o metrocable, mostrando outras possibilidades de transporte urbano para a capital mineira. Fernanda Pereira Altoé disse ser entusiasta da bicicleta e examinou os documentos da Prefeitura que tratam da revitalização da Av. Afonso Pena, enfatizando a necessidade de comunicação constante do Executivo com os mais diversos setores da sociedade. A parlamentar também disse que a Praça do Papa, que não está contemplada no projeto, tem problemas de segurança e de tráfico de drogas. Ela se colocou à disposição dos representantes dos diversos setores presentes na audiência para continuar o diálogo e reforçou a necessidade de o Executivo manter continuamente interações com os diversos setores da sociedade.

Obras só em 2023

Braulio pediu informações sobre o cronograma de obras com detalhes sobre as modificações previstas e agradeceu a oportunidade de serem estabelecidas pontes com o Executivo, as quais, segundo ele, não estavam acessíveis no passado. Kummel disse que irá encaminhar o projeto nas próximas semanas e assegurou que a obra não será iniciada antes de fevereiro de 2023. Ele agradeceu a oportunidade de ouvir a todos, afirmando ser importante atender à maioria dos interessados. Ao tratar do tema, Jussara Bellavinha ponderou sobre a dificuldade em compatibilizar interesses diversos em uma revitalização deste porte. O coordenador de Atendimento Regional Centro-Sul Álvaro Eduardo Goulart se colocou à disposição para atender às demandas de comerciantes e moradores do centro e encaminhá-las para os órgãos competentes.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir o projeto de revitalização da Avenida Afonso Pena - 27ª Reunião Ordinária: Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário