Faixa exclusiva de ônibus e ciclovia na Augusto de Lima são criticadas em audiência
Comerciantes e moradores do Barro Preto criticam prioridade para ônibus e bicicletas na avenida e demandam vagas de estacionamento
Foto: Karoline Barreto/CMBH
A implantação de uma ciclovia e de uma faixa exclusiva para ônibus na Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, mobilizou os comerciantes da região, críticos das iniciativas da Prefeitura. Durante audiência pública promovida nesta segunda-feira (9/10) pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana, comerciantes e moradores da Augusto de Lima solicitaram que a PBH desista de garantir vias exclusivas para bicicletas e ônibus no local. Eles alegam que sofrerão com perda de clientes, uma vez que a prioridade para o transporte coletivo e bicicletas prejudicaria o embarque e desembarque de mercadorias, tiraria vagas de estacionamento e reduziria o espaço para circulação de veículos automotores particulares. Já a PBH informou que a reorganização da via para incorporação das bicicletas não representa a retirada de faixas de circulação, nem de estacionamento para automóveis. Além disso, o Executivo afirma que, além de ter sido submetida à consulta pública, no site da PBH, a implantação da ciclovia na Augusto de Lima está prevista no Plano Diretor de Belo Horizonte, lei elaborada mediante participação popular e aprovada pela CMBH. O requerente da audiência, César Gordin (SDD), afirmou que irá encaminhar ao Executivo os pedidos dos comerciantes e moradores contrários à ciclovia e à faixa exclusiva para ônibus. Ainda conforme o parlamentar, uma reunião para debater o tema na PBH será agendada com a presença de representante de moradores e comerciantes da Avenida Augusto de Lima.
Comerciante da Augusto de Lima, Eduardo afirmou, durante a audiência, que as obras para implantação de faixa exclusiva para ônibus e ciclovia irão impactar negativamente as lojas, ambulantes, taxistas. Ele alega ainda que, além de o Barro Preto contar com poucas vagas rotativas em áreas públicas para veículos automotores, os estacionamentos privados da região não atendem à demanda.
Outro dos comerciantes da Augusto de Lima que participou da audiência, Rafael afirma que as obras da ciclovia e da faixa exclusiva para ônibus são executadas sem anuência de moradores e comerciantes da região. Além de criticar a falta de participação da comunidade local acerca das intervenções na avenida, Rafael aponta que as mudanças acarretarão prejuízo no fluxo de veículos automotores particulares e, consequentemente, no comércio local. Além disso, ele afirma que a ciclovia, que está em fase final de implementação, não tem atraído ciclistas, ficando a maior parte do tempo sem uso.
Participação popular e conexão entre ciclovias
Jorge Santos (Republicanos) explicou que é um dos vereadores que mais faz solicitações à Prefeitura para implementação de ciclovias na cidade, contudo, defende que as solicitações e a execução das obras ocorram mediante ciência dos moradores. Além disso, o parlamentar argumenta que as ciclovias devem estar integradas umas às outras para que cumpram sua função na malha viária.
Eveline Trevisan, representante da PBH, explicou que o plano cicloviário da capital faz parte do Plano Diretor, o qual foi aprovado pelos vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Conforme a servidora, há previsão de BH ter, ao todo, 400 quilômetros de ciclovia, contudo, apenas 100 quilômetros, ou seja, 25% do total planejado já foi executado. Diante de tal fato, parte das ciclovias, explica Eveline, ainda serão conectadas às demais rotas cicloviárias. Especificamente em relação à ciclovia da Augusto Lima, ela afirma que a conexão será feita com a ciclovia da Olegário Maciel e com outras que serão implantadas em curto prazo.
De acordo com a Prefeitura, faixas exclusivas para bicicletas devem ser implantadas em diferentes áreas, tais como na Avenida Afonso Pena, que receberá uma ciclovia de cerca de 4 quilômetros, que estará conectada a outras seis rotas cicloviárias, sem que sejam retiradas áreas de estacionamento para veículos automotores.
No caso específico da Augusto de Lima, Eveline aponta que a reorganização da via para a incorporação das bicicletas ocorre sem a retirada de faixa para circulação de veículos, nem de vagas de estacionamento. Eveline também argumenta que as bicicletas são um meio de transporte sustentável e que, ao implantar a ciclovia, o esperado é que parte das pessoas deixe de usar carros, desafogando o trânsito.
Quanto à participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão, a PBH informou que a implantação de ciclovia na Augusto de Lima foi precedida de consulta popular por meio do portal da Prefeitura na internet.
Cristiano Scarpelli, membro de um coletivo de ciclistas da capital, defende a ciclovia da Augusto de Lima ao apontar que a via é plana, arborizada e agradável para quem usa bicicletas, o que, de acordo com ele, atrairá ciclistas, que também serão consumidores do comércio local. Conforme Cristiano, é mais fácil que um ciclista pare para comprar lanches e água nas proximidades da ciclovia do que alguém que passa de carro. Além disso, ele afirma que o coletivo do qual faz parte instalará câmera na ciclovia para provar que o fluxo de bicicletas, além de ser bem superior àquele dito pelos comerciantes, deverá crescer ao longo do tempo. Cristiano Scarpelli também falou sobre a lógica com que o trânsito é organizado, uma vez que, de acordo com ele, os carros, apesar de ocuparem 85% das vias, são o meio de transporte de apenas 30% da população.
Ônibus
Mais de 18 quilômetros de rotas prioritárias para o transporte coletivo já começaram a ser implantadas na área central por meio do Programa de Requalificação do Centro - Centro de Todo Mundo. Faixas exclusivas devem ser implantadas na Avenida Augusto de Lima e, em breve, na Avenida Afonso Pena e nas ruas Curitiba e São Paulo. Especificamente em relação à Avenida Augusto de Lima, a expectativa da Prefeitura é que a faixa exclusiva para ônibus esteja localizada entre a Avenida do Contorno e a Rua Rio Grande do Sul, em ambos os sentidos, totalizando 2,5 quilômetros.
Encaminhamentos
O requerente da audiência, César Gordin, afirmou que encaminhará solicitação à PBH para que nem a faixa exclusiva para ônibus, nem a ciclovia sejam implantadas na Augusto de Lima, conforme solicitam moradores e comerciantes da região. Além disso, o parlamentar afirmou que irá agendar uma reunião na PBH, com a presença de representante do Barro Preto, com o intuito de que seja apresentado pedido para que o transporte coletivo e as bicicletas não tenham prioridade na Augusto de Lima. Ainda conforme César Gordin, audiência pública será solicitada para se discutir outras demandas de comerciantes e moradores do Barro Preto, tais como segurança pública.
Superintendência de Comunicação Institucional