Proposta de combate à violência política de gênero já pode ser votada em 2º turno
Substitutivo proposto pela CLJ para corrigir invasão de competência da União tem aval das três comissões de mérito

Ações que visam impedir ou dificultar a atuação de mulheres em espaços de decisão estão na mira do Projeto de Lei 899/2024, assinado por Professora Marli (PP) e outras três vereadoras, que institui diretrizes e ações para o enfrentamento à violência política contra a mulher. Na manhã desta quinta-feira (28/11), a emenda 1 recebeu parecer favorável das Comissões de Mulheres; Administração Pública; Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, que se reuniram conjuntamente para agilizar a tramitação. O substitutivo, proposto pela Comissão de Legislação e Justiça, retira dispositivo que obriga servidores públicos a denunciar casos de violência política, alegando que legislar sobre os deveres do funcionalismo é competência privativa da União. Conclusa em 2º turno, a matéria está pronta para a votação definitiva. Confira as informaçõs completas da reunião.
Ameaças a vereadoras
De acordo com Cida Falabella (Psol), que é uma das autoras, o avanço da proposta acontece em um ano “em que várias mulheres da Câmara foram ameaçadas de diferentes formas”, e representa um recado da Casa para a sociedade. Durante a votação em 1º turno, Cida e a colega de partido Iza Lourença, também signatária do PL, relembraram atos de intimidação, deslegitimação e ameaças recebidas no decorrer de seus mandatos, que as obrigaram a andar com escolta em lugares públicos. “Se a minha vida fica insuportável desde o momento que eu viro parlamentar, eu desisto de ser parlamentar. Esse é o objetivo deles, retirar as mulheres dos espaços de decisão”, declarou Iza Lourença. Loíde Gonçalves (MDB), autora do parecer, reitera que essa violência é uma das causas da “sub-representação das mulheres no parlamento e nos espaços de poder”.
Enfrentamento e conscientização
Aprovado por unanimidade no Plenário, o texto define como violência política qualquer ato de distinção, exclusão ou restrição ao exercício de direitos e liberdades políticas, bem como condutas ou omissões que causem dano à mulher com o propósito de anular ou dificultar esse exercício. O projeto institui diretrizes para prevenção e “enfrentamento ostensivo” desses atos, incluindo os cometidos em ambientes virtuais, como espalhar informações falsas, assediar e expor a privacidade da vítima. A definição exclui, conforme ressalva da própria matéria, “a crítica, o debate e o posicionamento contrário à ideia ou à proposição legislativa por ela apresentada, desde que sejam colocados de maneira respeitosa”.
A proposição ainda reconhece que a presença feminina em ambientes políticos “é essencial para a sustentabilidade e qualidade da democracia” e estabelece entre os objetivos o fomento à formação política das mulheres e a garantia de sua participação em partidos, associações e organizações comunitárias.Também está prevista a conscientização por meio de cartazes informativos sobre a política municipal de enfrentamento a esse tipo de violência, contendo canais de denúncia para uso da população.
Segundo Cida Falabella, a violência política não vai parar a atuação feminina. “As mulheres vieram para ficar. Nós seremos um dia maioria no parlamento, porque somos a maioria da sociedade brasileira. Teremos um parlamento com mães, com avós, com pessoas que cuidam”, afirmou durante a primeira votação do PL, que já está apto a retornar ao Plenário para votação definitiva.
Superintendência de Comunicação Institucional