Vereadores divergem sobre desapropriações para expansão do metrô
Em protesto contra valores oferecidos para deixarem o entorno da linha 2, famílias paralisaram obras nesta segunda (17/3)

Foto: Dara Ribeiro/CMBH
Um protesto que paralisou as obras de expansão do metrô em Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (17/3), motivou declarações contrárias de vereadores durante reunião do Plenário. Moradores que terão de deixar suas casas no entorno do trecho da futura linha 2, da Nova Suíça ao Barreiro, reclamaram dos valores oferecidos pela concessionária Metrô BH em decorrência das desapropriações. Dr. Bruno Pedralva (PT) esteve no protesto e se queixou da “insensibilidade da empresa e do governo do Estado”, uma vez que, segundo ele, o montante pago não seria suficiente para a compra de uma residência. Já Wanderley Porto (PRD) ressaltou que muitas vezes as indenizações são baixas porque as pessoas não recebem pelo terreno ocupado, mas apenas “pelas melhorias realizadas no local”. A repercussão do fechamento do Hospital Maria Amélia Lins; ações de conscientização sobre a epilepsia; e a situação dos centros de saúde da Região Noroeste foram outros temas abordados. Confira o resultado da reunião.
Linha 2 do metrô
Cerca de 30 moradores atingidos pela construção da linha 2 do metrô montaram barracas na região da futura estação Amazonas, no Bairro Gameleira, para protestar contra as propostas feitas pela concessionária Metrô BH pela desapropriação de suas casas. Os trabalhos só puderam ser retomados depois que a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Mobilidade agendou uma reunião com representantes dos atingidos para quarta-feira (19/3). Segundo Dr. Bruno Pedralva, algumas famílias receberam propostas de pouco mais de 10 mil reais para deixarem os imóveis. “Isso não paga nem um ano de aluguel aqui em Belo Horizonte”, disse. Para ele, se os valores oferecidos não forem condizentes com a realidade, a consequente judicialização pode acarretar na inviabilização das obras do metrô.
Wanderley Porto lembrou que a cidade espera pelo metrô na região do Barreiro há mais de 40 anos e que o início das obras só foi possível graças à privatização. “A lei limita os valores pagos pela desapropriação nesses casos, mas é claro que se os moradores estiverem descontentes podem questionar a indenização na Justiça”, afirmou. De acordo com dados da Metrô BH, a linha 2 terá sete estações (Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro), mais de 10,5 quilômetros de extensão e potencial para beneficiar 270 mil passageiros diariamente. As obras devem se estender até 2028.
Março roxo
Dra. Michelly Siqueira (PRD) leu um texto enviado pela Associação Mineira de Amigos e Pessoas com Epilepsia (AMAE) sobre a importância da conscientização a respeito da doença neurológica. “A epilepsia é cercada de preconceitos, então é importante ressaltarmos que ela não é contagiosa, não é hereditária, não é uma possessão e não é uma doença mental. A inclusão das pessoas com epilepsia é um direito”, disse. O “março roxo” é a campanha contra os estigmas da doença que atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo e 4 milhões no Brasil. O dia 26 de março é o Dia Mundial da Conscientização sobre a Epilepsia e o prédio da Câmara será iluminado com a cor da flor lavanda para lembrar a importância da data.
Problemas na saúde
O fechamento do Hospital Maria Amélia Lins, unidade de referência em ortopedia que atende cirurgias eletivas e urgências programadas, continua causando reflexos em outros hospitais da cidade. Dr. Bruno Pedralva mostrou o vídeo de uma paciente que aguarda há oito dias no Hospital João XXIII por uma cirurgia no ombro por causa de uma fratura. “Como o bloco é superlotado com tratamentos de urgência, a operação dela é constantemente adiada. Não podemos deixar que essa tortura continue com os pacientes e com os funcionários do João XXIII”, falou.
José Ferreira (Pode) lembrou que continua fiscalizando os centros de saúde da capital mineira e já havia concluído as visitas às unidades da Região Noroeste. Ele leu a carta de uma paciente de um dos centros de saúde vistoriados com queixas sobre a conduta dos funcionários, que exigiam que ela voltasse ao local diversas vezes, sem conseguir marcar consulta. “O SUS não deve ser apenas para cuidar da saúde, mas para garantir dignidade à população de BH”, afirma a moradora.
Reajuste dos servidores
O Plenário aprovou, em 1º turno, o PL 120/2025, que trata do reajuste dos servidores da Câmara Municipal. De autoria da Mesa Diretora, a proposta fixa o aumento em 10%, tendo como base o vencimento vigente em março de 2025. O PL reajusta também o auxílio-alimentação, compensando, segundo a justificativa, “os efeitos negativos da inflação e do custo dos alimentos na cidade de Belo Horizonte”.
Ainda de acordo com o texto, o impacto do reajuste está adequado à Lei Orçamentária Anual e possui compatibilidade com o Plano Plurianual de Ação Governamental e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Os autores ressaltam que, com a medida, a atual gestão da Câmara “valoriza os serviços desempenhados e reconhece a importância do trabalho desenvolvido como fundamental para o exercício da atividade legislativa”. Como não recebeu emendas, o retorno do PL à pauta foi anunciado e ele poderá ser votado em definitivo já na próxima reunião, nesta terça-feira (18/3). Para seguir para sanção ou veto do Executivo, precisa do voto “sim” da maioria dos vereadores (21).
Assista à íntegra da reunião
Superintendência de Comunicação Institucional