Corredores pedem mais segurança e infraestrutura para a prática da atividade
Representantes de grupos de corrida reclamaram de pistas esburacadas, falta de bebedouros e banheiros, e iluminação insuficiente

Foto: Denis Dias/CMBH
As corridas de rua têm se tornado populares em todo o país e também na capital mineira. Com o objetivo de ouvir as principais demandas de quem pratica a atividade e, assim, fomentar a modalidade em Belo Horizonte, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo realizou audiência pública na manhã desta quarta-feira (30/7). Trópia (Novo) foi a solicitante da reunião e presidiu os trabalhos. A vereadora informou a destinação de emenda parlamentar no valor de R$ 350 mil, que deve ser executada ainda este ano, para revitalização da Avenida dos Andradas, tradicionalmente utilizada para a prática de corridas. Ela também atuou na articulação, junto à PBH, para a criação da Maratona Oficial de Belo Horizonte, que deve acontecer no próximo ano, e fez indicações para a criação de pistas públicas de corrida, com sugestões de locais viáveis. A parlamentar acrescentou que está fazendo um mapeamento das principais áreas utilizadas pela modalidade, com o intuito de sugerir melhorias como iluminação, instalação de banheiros e bebedouros.
Maratona oficial de Belo Horizonte
No dia 29 de julho foi anunciada a “Maratona Oficial de Belo Horizonte”, com data marcada para ocorrer em 17 de maio de 2026. O idealizador do projeto e integrante do grupo de corrida “BairrosBH”, Lucas Condurú, informou que o objetivo não é "fazer só uma maratona”, mas uma “grande festa”, com música, gastronomia e cultura. Segundo ele, o percurso ainda não está definido, mas a expo (momento da retirada de kits) e a chegada serão no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. A rota não deve passar pela Região da Pampulha - um pedido da prefeitura -, que já recebe outros eventos do tipo e estaria "saturada”. O objetivo é descentralizar os pontos de corrida e ocupar outros espaços da cidade que também podem ser atrativos.
O organizador disse que o foco da maratona não será a rentabilidade, mas mostrar "o melhor que Belo Horizonte tem a oferecer". “A ideia não é organizar a maior prova do Brasil, mas sim a melhor prova do Brasil, a melhor experiência para o atleta no Brasil”, declarou Lucas Condurú. O canal oficial para mais informações é o perfil no Instagram maratonaoficialdebelohorizonte.
“Os belo-horizontinos estavam doidos para correr no 'quintal de casa'. Percebi que esse sentimento é o que mais move a comunidade corredora aqui da cidade: poder correr uma prova na sua cidade, apresentando ela para o Brasil”, disse Trópia sobre a criação da maratona.
Mais segurança e infraestrutura
A falta de segurança foi trazida pelos corredores como a questão mais urgente a ser resolvida. Deborah Santos, do grupo "Afro Velozes", relatou que, em uma época, só tinha tempo para correr no período noturno e, mesmo com medo, saía para treinar porque tinha uma meta a cumprir. A convidada pediu mais policiamento nos pontos de corrida à noite, bem como melhorias na iluminação que, segundo ela, costuma ser insuficiente. A representante da Polícia Militar de Minas Gerais major Audiléia Maria da Silva respondeu que o papel da instituição é "ouvir ativamente a população" e transformar as demandas em "ação operacional". Ela se dispôs ao diálogo e a “fazer a ponte” com os responsáveis pelo patrulhamento de áreas de corrida para que a segurança seja intensificada.
Para além de mais policiamento, os convidados pediram mais segurança para a prática do esporte em relação ao cuidado com o trânsito e a manutenção de ruas e calçadas. Os participantes relataram lesões causadas por quedas em pistas irregulares e bueiros sem tampas.
Na infraestrutura, outras demandas consideradas urgentes são a instalação de mais pontos de hidratação e banheiros. João Batista, do grupo "Galo Runners", disse que sabe que a prefeitura tem contrato para que sejam disponibilizados 18 banheiros químicos ao redor da orla da Lagoa da Pampulha todos os finais de semana, mas afirmou que os aparelhos não estão presentes e pediu esclarecimentos. A representante da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer Luciana Madeira explicou que a fiscalização sobre o cumprimento do contrato é feita pela Regional Pampulha, e que o pagamento só é liberado com o parecer de que o acordo foi cumprido. Ela disse estar surpresa com a informação de que os banheiros não estão sendo disponibilizados, e pediu que a solicitação de explicações fosse enviada formalmente à pasta para que isso seja investigado.
Leonardo Camilo, do grupo "Calma Clima", sugeriu que a prefeitura crie um “índice de caminhabilidade”, uma ferramenta que avalia a qualidade e segurança do ambiente urbano para os pedestres, considerando aspectos como infraestrutura, segurança e acessibilidade das calçadas. Esse índice ajudaria a reunir dados para que as ações do poder público sejam "mais direcionadas e efetivas". Trópia afirmou que a sugestão seria um dos encaminhamentos da audiência.
Inclusão
A acessibilidade e inclusão nas corridas também foi pauta. William Brás, que é deficiente visual e participa do Instituto “Corre Pra Ver”, pediu que as organizadoras tenham vagas destinadas a pessoas com deficiência (PcD), já que muitas vezes as vagas dos eventos se esgotam antes da emissão dos laudos médicos necessários para a inscrição.
Outra demanda foi a criação de uma categoria específica de premiação para PcD, e que os guias também recebam medalhas. William disse ainda que, mesmo pagando metade, o custo da inscrição nem sempre é acessível para pessoas com deficiência, e pediu que sejam feitos eventos gratuitos para esse público.
“ (...) é colocar a pessoa com deficiência em evidência também naquele momento da premiação, porque isso também é reconhecer a superação daquela pessoa, é mostrar para a cidade e para as demais pessoas que estão acompanhando que aquela é uma prova de fato inclusiva”, afirmou o corredor.
Trópia disse que essas demandas podem ser contempladas principalmente com a conscientização das organizadoras e que o Executivo poderia ajudar com a reserva de vagas, por exemplo.
Ainda no âmbito da inclusão, a representante da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer Luciana Madeira informou um plano da pasta de criar um circuito de corrida chamado “Lá na Vila”, para fomentar as práticas de corrida e caminhada em locais considerados vulneráveis, incluir essas comunidades. A ideia é que sejam realizadas três corridas anuais que contemplem todas as regionais. Ela também citou o “Treina BH”, programa por meio do qual o cidadão pode se inscrever para receber gratuitamente uma planilha de treino durante seis meses; “um apoio no início da prática do esporte”, segundo palavras da representante do Executivo.
Trópia disse que seu mandato está empenhado em "trazer a cultura da corrida de rua para Belo Horizonte", e que seguirá trabalhando para a criação de pistas públicas de corrida e para a melhoria da infraestrutura para a prática da atividade na capital.
Superintendência de Comunicação Institucional