Racionamento de água em BH pode começar em junho de 2020
Previsão pode se confirmar caso volume de chuvas seja menor que o esperado e captação em novo ponto do Rio Paraopeba demore
Foto: Bernardo Dias / CMBH
Representantes da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa deram uma notícia alarmante para os moradores de Belo Horizonte. Se os níveis de chuva do próximo período chuvoso forem os mesmos de 2013/2014 e as obras do novo ponto de captação do Rio Paraopeba não forem aceleradas, os cerca de 4,5 milhões de moradores da capital e toda a sua região metropolitana terão que conviver com racionamento de água potável. A informação foi passada, nesta quinta-feira (4/7), aos vereadores Bella Gonçalves (Psol), Wesley Autoescola (PRP), Irlan Melo (PR) e Edmar Branco (Avante) integrantes da CPI das Barragens da Câmara Municipal. “Desde o rompimento da barragem de Brumadinho, estamos abastecendo toda a região sem nenhum prejuízo, mas sem outro ponto de captação. Passamos de 10,7 mil litros por segundo para 7,3 mil litros por segundo de captação na Bacia do Paraopeba. Nossa média de captação é de 15 mil litros se somarmos os sistemas Paraopeba e Rio das Velhas”, explicou o diretor de Operações Metropolitanas da empresa, Rômulo Tomaz Perilli.
Ainda segundo Rômulo, a Copasa tem um total de 500 mil m³ de águas tratadas e 250 milhões m³ de água bruta em reservatórios, volume que pode diminuir muito se a captação do Paraopeba não voltar a ser feita. “Em maio do ano passado estávamos com 77% dos nossos reservatórios que abastecem a região metropolitana cheios. Em maio deste ano estávamos com 74%. No final de 2020 podemos chegar ao volume morto dos reservatórios, que é quando a água fica abaixo das comportas e a sua captação fica bem mais complicada de ser feita, caso a situação de 2013/2014 de poucas chuvas se repita”, explicou o diretor.
Obras de captação
Segundo os diretores da Copasa, a Vale, responsável pela construção da nova estação de captação de água no Rio Paraopeba, garantiu que tudo estará pronto e funcionando em setembro de 2020. No entanto, a Copasa tem negociado para que, mesmo de forma provisória, a captação comece a ser feita em junho. “Mesmo que a obra não esteja totalmente concluída, podemos começar o bombeamento em junho. Estamos nos reunindo para que tudo seja feito com urgência, inclusive retirando empecilhos burocráticos. A captação nova pode ser construída até o ano que vem. O cronograma está em dia e pode ser cumprido. Apesar de não ter visualmente obras no local, estamos adiantados com o projeto e levantamento topográfico. Acredito que até o final deste mês teremos tudo pronto para dar início à obra física”, explicou Rômulo Tomaz.
O novo ponto de captação de água do Rio Paraopeba será construído a 12 quilômetros da estação atual, que custou aos cofres públicos R$ 128 milhões. Apesar de todo o problema ocorrido com o rompimento da barragem de Brumadinho, a nova estação de captação também pode ser afetada caso haja rompimento da barragem Casa de Pedra, de responsabilidade da Companhia Siderúrgica Nacional, em Congonhas. A barragem afetaria a nascente do rio, localizada pouco acima do município de Congonhas.
Rio das Velhas
Outro problema que está sendo tratado pelos vereadores que integram a CPI é o risco de rompimento de barragens da Vale em Macacos e Ouro Preto, o que afetaria diretamente o Rio das Velhas, responsável por parte do abastecimento dos municípios da Grande BH. Segundo Rômulo Tomaz, além da nova captação no Paraopeba, a Vale também está construindo uma barreira metálica para proteger a bacia do Rio das Velhas, evitando prejuízos ao meio ambiente e ao abastecimento de água. Segundo ele, uma eventual tragédia que afete o Rio das Velhas traria prejuízos ainda maiores para toda a população. “Se suspender a captação no Rio das Velhas, o racionamento seria imediato. Seria algo como um dia com água e três sem água sendo que em algumas regiões não teria água em momento nenhum. Mas esta é uma situação extrema e não vamos deixar acontecer”, afirmou.
Avaliação
Segundo o presidente da CPI das Barragens, vereador Edmar Branco, os integrantes da CPI vão avaliar todo o material recebido até agora para definir encaminhamentos. Ainda segundo o vereador, algumas demandas serão encaminhadas ao prefeito, para que o Executivo também atue junto aos órgãos e empresas responsáveis pelo abastecimento de água em Belo Horizonte.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional