MEMÓRIA AUDIOVISUAL

Vereadores foram ao Museu da Imagem e do Som verificar transferência da sede

Condições das novas instalações no Cine Santa Tereza preocupam parlamentares; audiência pública foi agendada para o próximo dia 15

segunda-feira, 8 Maio, 2017 - 16:30

Foto: Rafa Aguiar / CMBH

O anúncio da Prefeitura de Belo Horizonte de transferir o Museu da Imagem e do Som (MIS) de sua atual sede, um casarão tombado na Avenida Álvares Cabral, para as dependências do Cine Santa Tereza, motivou a realização de visita técnica aos dois equipamentos, promovida pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo nesta segunda-feira (8/5). Os requerentes da atividade, vereadores Arnaldo Godoy (PT) e Pedro Patrus (PT), demostraram preocupação com a mudança, uma vez que o espaço destinado às novas instalações do MIS possui apenas 150 m², sendo inadequado para abrigar o acervo de mais de 90 mil itens, bem como toda a equipe técnica e administrativa.

Diretor do arquivo e dos museus e centros de referência da Fundação Municipal de Cultura, Yuri Mello Mesquita esclareceu que no último dia 2 de maio, a PBH anunciou um investimento de R$ 1,3 milhão para reformas do Cine Santa Tereza - espaço que irá abrigar o acervo e os funcionários do MIS, com o objetivo de otimizar os equipamentos culturais, que ocupam hoje dois espaços distintos. Em conversa com o Poder Executivo, quando foram explicadas todas as especificidades técnicas do acervo, Mesquita afirmou que “a garantia que nós tivemos é que, enquanto todos os critérios técnicos para a transferência do acervo não forem concluídos, independentemente do espaço que fosse destinado, ele não sairia daqui”.

Já o museólogo do MIS, Victor Louvisi, denuncia que nenhum funcionário foi consultado acerca da decisão, o que vai afetar muito todas as atividades. “Nós fomos pegos de surpresa. Existe todo um agendamento de escolas até o final do ano com ações educativas, que não foram levadas em consideração, sem contar que todas as melhorias conseguidas para este espaço foram construídas ao longo do tempo e com muita dificuldade”, desabafou Louvisi.

Sob o ponto de vista da vereadora Cida Falabella (Psol), qualquer mudança tem que ser precedida de debates entre os agentes envolvidos. “Na cultura, fechar uma janela sempre é muito penoso porque para conseguir abrir um espaço, são anos de luta”, declarou. Na mesma perspectiva, Arnaldo Godoy se mostrou preocupado com a segurança do acervo, e afirmou seu posicionamento contrário a esta mudança. Para Godoy, “o que foi construído com o trabalho dos servidores, da cidade e dos segmentos artísticos, de audiovisual e fotografia, sofrer uma desapropriação desta natureza traz grandes prejuízos para o setor”.

A técnica de Patrimônio Cultural e representante da Comissão Especial dos Sevidores, Daniela Figueiredo, alerta que toda readequação de unidade cultural da Fundação Municipal de Cultura deve ser discutida no Conselho Municipal de Política Cultural (COMUC) e, neste momento, o órgão está completamente alheio a esta situação. “A gente vem construindo esta política de participação social e temos brigado muito para que isto seja inclusive legitimado pelos agentes públicos”, disse.

Cine Santa Tereza

Questionada pelos parlamentares acerca da mudança para o novo espaço, a técnica de Programação do Cine Santa Tereza, Ana Amélia Martins, informou que a decisão da prefeitura em unificar os espaços, sob a alegação de gerar economia e fomento para a capital, traz uma grande preocupação. Com apenas 150 m², a área que irá abrigar as estruturas físicas do MIS é destinada hoje às exposições e oficinas, espaço que já foi objeto de grande reivindicação da comunidade para a circulação artística e cultural. Para Martins, o Cine Santa Tereza também será afetado e sua programação será prejudicada. “Como não existe espaço suficiente, a gente considera que esta medida vai causar o fechamento de um equipamento cultural. Este processo, além de ter sido autoritário, ninguém planejou com a gente quais seriam estes impactos”, argumentou.

O vereador Gabriel (PHS) foi firme ao declarar que esta mudança é completamente inviável: “primeiro, porque nós estamos falando de um material extremamente importante para a cidade, sendo necessário planejamento para qualquer tipo de ação e, segundo, porque o local proposto para a mudança me parece extremamente inadequado”.  

Para o vereador Pedro Patrus, após conhecer todo o acervo e o trabalho que é desenvolvido pela equipe do MIS, bem como as futuras instalações, “é certo afirmar que a sala disponibilizada no Cine Santa Tereza é muito pequena, não sendo possível abrigar todo o acervo, bem como os funcionários que atuam no processamento técnico e na conservação da memória audiovisual da cidade”. Uma audiência pública será realizada pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo no próximo dia 15 de maio, possibilitando que vereadores, técnicos, representantes do Executivo e população possam decidir se esta mudança vai atender as necessidades específicas do MIS. De antemão, Patrus adiantou que “o espaço não é suficiente, caracterizando o fechamento de uma unidade importante da cultura de Belo Horizonte, que é o Museu da Imagem e do Som, situado na Avenida Álvares Cabral”. 

Superintendência de Comunicação Institucional

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