Comunidade questiona transferência de unidade no Maria Goretti para o Ipê

Moradores do Bairro Maria Goretti reclamam da falta de diálogo com a Prefeitura, que teria decidido fechar a unidade de saúde da região e transferi-la para o Bairro Ipê, a 2km de distância. O tema, que já vem sendo acompanhado pelos parlamentares desde o ano passado, foi debatido em audiência pública pela Comissão de Saúde e Saneamento, nesta quarta-feira (23/2), a pedido dos vereadores Reinaldo Gomes Preto do Sacolão (MDB), Professora Marli (PP), Wanderley Porto (Patri) e Wilsinho da Tabu (PP). Os participantes foram unânimes em afirmar que a Prefeitura não ouviu a comunidade, o que confirma o descaso com a população. Segundo eles, a alegação de que não há terrenos disponíveis no Bairro Maria Goretti para nova sede não procede. O colegiado vai questionar as razões de fechamento da unidade e qual é a proposta da PBH, uma vez que, até o momento, nada foi apresentado para os usuários. Confira na íntegra a reunião. 

De acordo com o requerimento, a proposta da Prefeitura é encerrar as atividades do Centro de Saúde do Maria Goretti e migrar os 13 mil usuários para uma nova unidade, que será construída no Bairro Ipê. Ainda segundo o requerimento, a PBH não considera reconstruir um novo posto no mesmo bairro. A decisão vai impactar a vida dos usuários, tendo em vista a distância de cerca de 2 km para acessar o serviço de saúde em outro bairro. No ano passado, a Comissão de Saúde se reuniu com lideranças, na quadra do bairro,  para ouvir as demandas dos moradores, que se comprometeram a apresentar terrenos mais próximos onde seria possível construir uma nova unidade. 

Durante a reunião desta quarta-feira, o presidente da Associação Comunitária, Melchiades Efigênio Mello, apresentou três terrenos particulares - cujos donos estariam dispostos a vender - que seriam satisfatórios para construção de uma unidade mais ampla. Cláudio do Mundo Novo (PSD) sugeriu que seja feita uma visita da comissão para conhecer os lotes apresentados. Os limites do financiamento público foram abordados por Aparecida Maria de Oliveira, secretária-geral do Conselho Distrital de Saúde da Regional Nordeste (Codisane). Ela discorda da Secretaria Municipal de Saúde, que afirma que a questão é financeira. Segundo ela, a unidade do Maria Goretti é inadequada e já foram feitas várias reuniões com a secretaria questionando o fechamento da unidade: “Sabemos que existem recursos e o que falta é compromisso, vontade política. Por isso precisamos do apoio desta Casa”. 

O coordenador de Atendimento Regional Nordeste, Marcelo de Camargos, elogiou a fala de Aparecida e se colocou à disposição para contribuir com uma solução possível. Apesar de manter o diálogo com as lideranças e os vereadores, ele admite que “esta é uma decisão técnica e também política.” Já a gerente do Distrito Sanitário, Silvia Guimarães, abordou a dificuldade de credenciar equipes de saúde da família - uma das exigências do governo federal para financiamento - e de manter anexos. 

Queixas da comunidade

Moradores do Maria Goretti concordam que a comunidade do Bairro Ipê tem direito a uma unidade de saúde próxima, mas não a custas do fechamento de outra. Edson Sampaio afirmou que eles foram surpreendidos com a decisão da Prefeitura e defendeu a permanência da unidade alegando que são 13 mil moradores no Maria Goretti e apenas 3 mil no Ipê. As usuárias Cássia Vieira e Patrícia Matos enfatizaram a luta histórica dos moradores para conquista do equipamento. Para elas, embora a comunidade seja atuante e mobilizada, não houve apresentação de proposta por parte do poder público. “Queremos entender os motivos desta arbitrariedade, uma vez que já estávamos em busca de uma alternativa para ampliar a capacidade de atendimento do nosso posto. Queremos que nossas demandas históricas sejam atendidas e nossas conquistas não sejam jogadas ao vento”, afirmaram. 

Gilberto Santos concordou afirmando que a comunidade quer ser ouvida. “Não queremos briga. Queremos diálogo. Sabemos que desde 2013 o Ipê luta para ter o seu centro de saúde. É justo, mas nós também precisamos”. Segundo ele, a alegação de que não há terreno público no Maria Goretti não pode ser usada como pretexto para fechamento da unidade: “Existem outros terrenos no bairro”.  

Falta de diálogo

Reinaldo Gomes Preto Sacolão cobrou do líder do governo na Câmara, Léo, explicações sobre a ausência de representantes da PBH convidados para a audiência. Segundo ele, “o prefeito Alexandre Kalil (PSB) está tentando minar as atividades parlamentares, mas se esquece de que falamos em nome do povo belo-horizontino.” Corroborando a fala de Reinaldo, Professora Marli destacou que os parlamentares já entraram em contato com a Prefeitura questionando essas transferências de endereço e que não obtiveram respostas. “Mudar o endereço de centros de saúde sem antes conversar com os usuários é uma decisão tecnocrata que não favorece as pessoas”, disse. Para ela, é preciso construir sim uma unidade no Bairro Ipê, mas sem fechar a unidade do Maria Goretti.

A falta de diálogo e de transparência da PBH também pautou a fala de Wilsinho da Tabu, que afirmou que a Secretaria de Saúde estaria tratando a comunidade com desrespeito. “Estamos aqui para lutar para que a PBH dê ouvidos aos moradores. Todos nós estamos dispostos a comprar essa briga”, afirmou. Já Wanderley Porto manifestou repúdio às ações do Executivo, que não quer dialogar com os representantes do povo. “Os secretários sequer nos recebem para reunião. Uma audiência pública assinada por 10% dos vereadores desta Casa não é capaz de mobilizar um secretário adjunto para responder aos questionamentos”, afirmou. Ele pontuou que as regionais perderam autonomia e manifestou desejo de que “a partir de abril” o diálogo volte a pautar as relações entre Executivo e Legislativo. 

O líder do governo respondeu às demandas dos colegas ponderando que se coloca à disposição para quaisquer intermediações que se fizerem necessárias. 

Superintendência de Comunicação Institucional