Separação de material reciclado às margens do Sarandi contribui com poluição
Bacia recebe parte de material que é descartado. Prefeitura de Betim pode ser convidada para falar de ações de prevenção na CPI
Foto:Tatiana Francisca/CMBH
Parte do material destinado à reciclagem vem sendo absorvido pelo Córrego Sarandi, na altura do Bairro Santa Terezinha. O flagrante na chegada do resíduo, vindo de catadores que utilizam as margens do rio para a separação do conteúdo, foi constatado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - Pampulha, na manhã desta terça-feira (9/4). Parlamentares que integram a investigação também vistoriaram o Sarandi no limite entre BH e Contagem e verificaram que não há nenhum tipo de barreira ou equipamento para o tratamento da bacia no local; representantes do município vizinho poderão ser convidados a dar informações sobre suas ações na comissão. A CPI também visitou a Estação de Tratamento de Águas Fluviais (Etaf) Pampulha. Inaugurada no início dos anos 2000, a estação trata 95% das águas dos Córregos Ressaca e Sarandi, que chegam à Lagoa da Pampulha. No local, uma retroescavadeira fazia a retirada de areia do fundo do canal. De acordo com informações fornecidas pela Copasa, que opera a Etaf, até o início de 2023 era a Prefeitura quem fazia o trabalho. Ao todo, são retiradas cerca de 30 toneladas por mês de areia do local. A limpeza é essencial para que a água escoe para o canal da Etaf.
Garimpo de inservíveis no Sarandi
Um galpão para comércio de material reciclável, como garrafas PET e latinhas, vem gerando degradação, sujeira e contribuindo para a poluição da Lagoa da Pampulha. Na Avenida Professor Clóvis Salgado, altura do número 1080, no Bairro Santa Terezinha, pessoas que se aproveitam dos produtos não comercializados pelos catadores, utilizam as margens do Córrego Sarandi para garimpar os inservíveis e parte dos resíduos acaba dentro do rio. O relator da CPI, Braulio Lara (Novo), destacou que a atividade sem fiscalização do poder público acaba por contribuir para a poluição da lagoa. “A Prefeitura sabe o que acontece aqui e não age”, afirmou.
Segundo o responsável pelo galpão, toda semana tem uma pessoa da Prefeitura que passa e recolhe o material que não é comercializado. O trabalho, entretanto, seria insuficiente. “Ela passa na quinta-feira e no sábado está tudo lá de novo. São dependentes químicos e também moradores da região que descartam de tudo no rio”, declarou.
Divisa BH e Contagem
Os Córregos Sarandi e Ressaca são responsáveis por 75% do volume de águas que chegam à bacia da Pampulha. Outro ponto que preocupou os parlamentares que integram a CPI é o Sarandi na altura dos limites entre BH e Contagem. Conforme verificado, nesta ‘divisa’ não há nenhum tipo de estrutura ou equipamento que contribua para a mitigação dos agentes poluentes. "Poderiam ser colocados gradis para retenção dos resíduos maiores, principalmente durante o período de seca; no período das chuvas poderiam ser retirados", avaliou Braulio Lara.
Trinta toneladas de areia
Criada para contribuir de forma preventiva na despoluição da lagoa, a Estação de Tratamento de Águas Fluviais (Etaf) Pampulha também foi alvo de vistoria da CPI. Implantada em 2002 por meio de uma parceria entre a Copasa e a PBH, a estação consegue tratar até 750 litros por segundo. No período das chuvas, entretanto, quando a vazão chega a 200 mil litros/segundo, o trabalho é suspenso e toda a vazão que chega dos córregos vai diretamente para a lagoa.
Mesmo no período de seca, os resíduos continuam entrando na bacia. Durante a visita desta manhã, uma retroescavadeira retirava areia do canal de chegada dos Córregos Ressaca e Sarandi, próximo da entrada do parque ecológico. Segundo Clecilane Pegnolato, engenheira de Operação da Copasa, há cerca de quatro meses a empresa assumiu o trabalho, que até o início de 2023 era de responsabilidade da PBH. Ao todo, cerca de 30 toneladas/mês de areia são retiradas do local. “É importante essa retirada, para que a água escoe para o canal da Etaf”, explicou.
O processo de despoluição realizado pela Etaf entrega uma água da classe entre 2 e 3, que é o grau de pureza que a PBH exige ao contratar um serviço de despoluição para a lagoa. Loíde Gonçalves (MDB) se surpreendeu de forma positiva com o processo e questionou a falta de outros equipamentos similares. “A gente não consegue entender porque a Prefeitura não amplia este tipo de equipamento. É uma solução que pode ser feita de imediato e sabemos da dificuldade da coleta dos esgotos”, afirmou.
A vereadora ainda considerou a possibilidade de convidar representantes da Prefeitura de Contagem para prestarem esclarecimentos à CPI sobre as ações que a cidade desenvolve para a prevenção e mitigação da poluição da Pampulha. “Falta diálogo entre Contagem e BH até para a possibilidade de construção desse tipo de equipamento. Minha sugestão é que a CPI convide também a prefeita de Contagem para que ela possa prestar esclarecimentos sobre esse esgoto que é lançado na lagoa”, finalizou.
Superintendência de Comunicação Institucional