Comissão debate nesta terça internação de dependentes químicos em situação de rua
Prevista em lei federal de 2019, internação compulsória de usuários de drogas ou com transtornos mentais gera controvérsias

Foto: Karoline Barreto/CMBH
A condição das pessoas em situação de rua na capital, especialmente os usuários de drogas e álcool, volta à pauta do Legislativo de BH. Nesta terça-feira (15/4), às 10h, a pedido de Pedro Patrus (PT), a Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor realiza um debate público sobre a internação involuntária de usuários e de pessoas com transtornos mentais, objeto de polêmica entre agentes públicos, entidades e especialistas, que questionam o preparo dos equipamentos e profissionais da rede de assistência e os métodos de tratamento a serem aplicados. A audiência é aberta ao público, que pode acompanhá-la presencialmente no Plenário Helvécio Arantes, e será transmitida ao vivo no Portal e no canal da CMBH no YouTube.
Conforme o censo realizado em 2022 pela Prefeitura de BH juntamente com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que identificou a existência de 5.344 pessoas em situação de rua na cidade, o uso de álcool e drogas é a segunda maior causa que leva as pessoas a viver nas ruas (21,9%), atrás apenas de problemas familiares (36,7%). A dependência química é um desafio complexo que afeta não apenas o indivíduo, mas também suas famílias e comunidades, e uma das alternativas propostas é a internação compulsória, ou involuntária.
A medida – encaminhar o dependente químico a uma instituição de tratamento sem o seu consentimento explícito – , prevista e regulada pela legislação federal (Lei 13.840/2019) é recomendada para situações em que o indivíduo apresenta riscos significativos à saúde ou à segurança própria e de terceiros. Ainda que a internação deva atender pedido de familiar, representante legal, ou na falta destes, de servidor da área de saúde, da assistência social ou do Sistema Nacional de Política sobre Drogas (Sisnad), o uso da internação involuntária levanta questões importantes.
Especialistas e entidades da sociedade civil questionam aspectos éticos e de direitos humanos, alegando que a internação compulsória pode violar direitos fundamentais à liberdade e autonomia, além da eficácia do tratamento e alternativas viáveis, como o tratamento ambulatorial e grupos de apoio. A fim de pautar o debate em âmbito municipal, Pedro Patrus requereu uma reunião entre as partes envolvidas para avaliar os diferentes aspectos e possíveis desvantagens dessa abordagem, além de obter mais dados sobre a situação da rede assistencial de Belo Horizonte.
Convidados
Representando o poder público, são aguardados para participar da discussão o secretário municipal de Saúde; o gerente da Rede de Saúde Mental de Belo Horizonte; a diretora de Políticas para População em Situação de Rua, Migrantes e Refugiados; a promotora de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário do Ministério Público e a Defensoria Pública-Geral do Estado de Minas Gerais.
Entre especialistas e entidades da sociedade civil, foram convidados diretores e membros do Conselho Regional de Psicologia (CRP-MG); Comissão Municipal de Reforma Psiquiátrica; Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte; Associação dos Usuários e Familiares da Saúde Mental (Asussam); Movimento Nacional e Frente Popular das pessoas em situação de rua; Centro de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua; e Associação Trem Tan Tan.
Superintendência de Comunicação Institucional