Aprovado PL que defende reduzir intervenção do poder público na atividade econômica
Proposição, que será encaminhada para redação final, pretende desburocratizar ambiente de negócios na capital

De autoria de 28 vereadores, o Projeto de Lei 792/19, que institui a Declaração Municipal de Direitos de Liberdade Econômica, foi aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 2º turno, nesta segunda-feira (12/4), com 33 votos favoráveis, 5 contrários e nenhuma abstenção. Na ocasião, a Emenda 1, que suprime o artigo 3º do projeto, foi rejeitada com 33 votos contrários à sua aprovação, 5 favoráveis e nenhuma abstenção. Como resultado, o projeto será encaminhado à Comissão de Legislação e Justiça para apreciação de sua redação final. O passo seguinte será o seu envio para análise do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que poderá sancioná-lo ou vetá-lo na íntegra ou parcialmente. Os parlamentares também trataram de assuntos relativos à gestão do transporte público na pandemia, vacinação, educação e política habitacional.
O objetivo do PL 729/19 é desburocratizar o ambiente de negócios em Belo Horizonte, principalmente no âmbito das relações microeconômicas para os pequenos empresários, os microempreendedores, ou pessoas físicas que exercem atividade econômica e não conseguem prosperar devido à elevada carga burocrática que aumenta os custos de transação como um todo.
A proposição estabelece dispositivos para a proteção à livre iniciativa e ao livre exercício da atividade econômica e declara como direitos de pessoa natural ou jurídica, entre outros, o desenvolvimento de atividade de baixo risco para sustento próprio ou de sua família; a não restrição da liberdade de definir preço de produto ou serviço; a presunção de boa fé nos atos praticados no exercício da atividade; e a implementação, teste e oferecimento de um novo produto ou serviço para um grupo privado ou restrito de pessoas maiores e capazes.
O projeto determina que caso o poder público não analise no prazo máximo estipulado os pedidos de liberação da atividade econômica, haverá o entendimento de que houve aprovação tácita, ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei. Quando se refere à aprovação tácita de atos públicos de liberação de atividade econômica, o projeto em questão se refere a licenças, autorizações, inscrições, registros, alvarás e demais atos exigidos, com qualquer denominação, inclusive no âmbito ambiental, sanitário e de edificação. Em relação aos prazos para análise e resposta de solicitações para exercício de atividades econômicas, o projeto estabelece que o poder público não possa ultrapassar 30 dias para atos relacionados à atividade de baixo risco e 120 dias para as demais.
Irlan Melo (PSD), um dos autores da proposição, defendeu a necessidade de desburocratização e facilitação do ambiente de negócios. Segundo ele, o projeto será um alívio para o empreendedor da capital, que, de acordo com Irlan, aprova a matéria votada nesta segunda-feira.
Braulio Lara (Novo) defendeu que o projeto, que, de acordo com ele, já era importante quando foi apresentado em julho de 2019, e torna-se ainda mais relevante no atual momento em que os empreendedores enfrentam as restrições impostas pelas medidas de combate à covid-19.
Emenda supressiva
O Plenário da Câmara rejeitou emenda apresentada pela Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana ao PL 729/19. A emenda tinha como objetivo suprimir o artigo 3º, que considera como atos públicos de liberação de atividade econômica a licença, a autorização, a inscrição, o registro, o alvará e os demais atos exigidos com qualquer denominação, inclusive no âmbito ambiental, sanitário e de edificação, como condição prévia para o exercício de atividade econômica. Com a rejeição da emenda, fica valendo o texto original da proposição, que será encaminhado à Comissão de Legislação e Justiça para definição de sua redação final
Ônibus na pandemia
Professor Juliano Lopes (PTC) criticou a gestão do transporte público durante a pandemia. Segundo ele, os coletivos estão lotados de passageiros, sendo espaços propícios à propagação do novo coronavírus. O parlamentar também afirmou que a Prefeitura aportou R$ 68 milhões para as empresas de ônibus durante a pandemia, mas não apresentou nenhum incentivo aos comerciantes da cidade. Ele garantiu que irá apresentar um requerimento pedindo explicações da Prefeitura sobre o pagamento de R$ 68 milhões às empresas concessionárias do transporte coletivo.
Vacinação
Rubão (PP) e Jorge Santos (Republicanos) cobraram transparência no momento de aplicação das vacinas contra covid-19. Eles lembraram que há casos de funcionários do SUS que apenas fingem aplicar a vacina, prejudicando pessoas que precisariam ser imunizadas contra o novo coronavírus. Jorge Santos recomendou que acompanhantes filmem o momento da vacinação para se certificarem que o imunizante foi realmente inoculado no paciente.
Educação
Flavia Borja (Avante) defendeu que, assim que a cidade reabrir as atividades fechadas para contenção a pandemia, as escolas tenham prioridade neste processo de reabertura. De acordo com ela, há estudo realizado no Estado de São Paulo que conclui que a reabertura das escolas não aumenta o número de casos por covid-19.
Políticas de habitação
Bella Gonçalves (Psol) criticou a gestão das políticas de habitação pelo governo Zema (Novo). Segundo ela, Minas tem 428 mil famílias sem casa, e o governo do Estado não apresenta iniciativas necessárias para a resolução do problema. De acordo com a parlamentar, a Cohab, que deveria implementar o plano de habitação para famílias de baixa renda, não o faz e funciona sob a atual gestão como uma empresa de especulação imobiliária, o que afronta a Constituição e os direitos sociais do povo de Minas. A vereadora afirmou também que a Cohab firmou acordo de confidencialidade para entregar seu patrimônio para um fundo de investimento imobiliário, o que, na visão de Bella Gonçalves, seria um equívoco, tendo em vista que milhares de famílias precisam de moradia em Minas. A parlamentar também afirmou ser contrária à intenção do governo do Estado de alienar imóveis públicos.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional