Plenário

Projeto que aumenta multa para pichadores é aprovado em 1º turno

Também em primeira votação, parlamentares aprovaram identificação de áreas públicas municipais cedidas a terceiros

sexta-feira, 7 Novembro, 2025 - 19:15
Vereadores no Plenário Amintas de Barros

Foto: Cláudio Rabelo/CMBH

O Plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou nesta sexta-feira (7/11), em 1º turno, o Projeto de Lei (PL) 418/2025, que aumenta o valor das multas por pichação na cidade. A proposta altera um artigo da Lei 11.318/2021, que institui a Política Municipal de Promoção da Arte Urbana do Grafite e de Combate à Pichação no Espaço Público Urbano. De autoria de Vile Santos (PL) e outros seis vereadores, a proposta eleva a sanção para até R$ 10 mil - valor que pode dobrar em caso de reincidência. O texto recebeu 29 votos favoráveis e 7 contrários e foi alvo de debates. Na mesma reunião, os parlamentares aprovaram, também em 1º turno, o PL 349/2025, de autoria de Pablo Almeida (PL). A medida, aprovada por unanimidade, obriga a identificação e divulgação de áreas públicas municipais cedidas a terceiros. Os dois projetos voltam agora às comissões, para análise de emendas, antes que possam ser apreciados novamente pelo Plenário, em votação definitiva. Confira aqui o resultado completo da reunião. 
 
“Combate ao crime da pichação”
 
Vereadores favoráveis ao PL 418/2025 argumentaram que a Política Municipal de Promoção da Arte Urbana do Grafite e de Combate à Pichação no Espaço Público Urbano já estabelece punição para pichadores. O objetivo da medida é aumentá-las, para “inibir o crime”. De acordo com a Lei 11.318/2021, a pena máxima para quem for flagrado cometendo o ato ilícito é multa de até R$ 7.200,00. Esse valor pode passar para até R$ 10 mil, podendo dobrar em caso de reincidência. 
 
“Queremos combater esse crime de pichação e dar um recado claro aos criminosos. A pessoa de bem não está preocupada com o valor da multa. Quem não picha não está preocupado com a multa”, disse Vile Santos, ao defender seu projeto. 
 
Fernanda Pereira Altoé (Novo) ressaltou que o aumento seria importante para que um crime como a pichação não fosse tratado como uma mera infração administrativa. “O problema desse país não é a falta de educação. É a falta de pulso. Vamos botar para quebrar! Chega de passividade com quem está acabando com a nossa cidade e com o nosso país”, afirmou. Sargento Jalyson (PL) salientou que se orgulha de, em seus anos como policial militar, ter “prendido muitos pichadores”. Para ele, o valor da multa tem caráter educativo e preventivo.
 
“Criminalização da juventude pobre”
 
Para o vereador Pedro Patrus (PT), o projeto criminaliza a juventude “preta e pobre de nossa cidade”. Segundo ele, não foram apresentados argumentos urbanísticos em defesa da proposta. “Só o que se ouviu aqui hoje foram discursos racistas, discriminatórios e higienistas”, falou. Juhlia Santos (Psol) destacou que a medida seria inócua, já que “ninguém deixaria de pichar só porque a multa é 2, 6 ou 10 mil.” Segundo ela, “BH tem muitos jovens que começaram no pixo e hoje são referência mundiais de arte”. 
 
Cida Falabella (Psol) lembrou que o PL recebeu parecer desfavorável na Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana. De acordo com o parecer de Janaína Cardoso (União), o projeto, “ao apenas elevar multas, não promove a proteção ou qualificação do espaço urbano, deixando de observar a função socioambiental que deveria orientar as políticas públicas sobre o tema”. 
 
“É necessário olharmos para os pichadores com olhar de acolhimento. As leis, mais do que punição, precisam ter um caráter pedagógico”, disse Cida Falabella. 
 
Além de Vile Santos, assinam o PL Braulio Lara (Novo), Cleiton Xavier (MDB), Irlan Melo (Republicanos), Neném da Farmácia (Mobiliza), Sargento Jalyson (PL) e Wanderley Porto (PRD). A proposta volta agora para as Comissões de Legislação e Justiça; Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo; Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana; e Administração Pública e Segurança Pública; para análise de emendas. Para ser aprovada em definitivo e seguir para a sanção ou veto do Executivo, vai precisar do voto favorável da maioria dos vereadores (21) em 2º turno. 
 
Áreas cedidas pelo poder público
 
“Simples, mas muito eficaz, muito eficiente.” Assim, Pablo Almeida definiu o PL 349/2025, que estabelece a obrigatoriedade de identificação de áreas públicas municipais cedidas a terceiros e a divulgação dessas informações em placa informativa e meio digital oficial. De acordo com o texto, o descumprimento da norma pode gerar a revogação da autorização, permissão ou concessão de uso do espaço.
 
“Belo Horizonte está em quinto lugar no ranking nacional de transparência entre as capitais. Precisamos melhorar isso”, afirmou Pablo. 
 
Para o vereador, a proposta irá aumentar o controle social sobre o uso de áreas públicas. A placa a ser colocada nos imóveis deve conter, entre outros, indicação expressa de que se trata de área pertencente ao Município; identificação completa do ocupante autorizado; finalidade do uso da área; e prazo de vigência da autorização ou concessão, quando aplicável. Pablo diz que essa é uma forma de “combater eventuais usos indevidos, desvirtuamentos contratuais ou ocupações irregulares”. 
 
O PL retorna para as Comissões de Legislação e Justiça; Administração Pública e Segurança Pública; Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana; e Orçamento e Finanças Públicas. Após a análise das emendas, poderá ser apreciado novamente em Plenário, quando precisará do voto “sim” de dois terços dos parlamentares para ser aprovado e seguir para sanção ou veto do Executivo. 
 
Superintendência de Comunicação Institucional

95ª Reunião Ordinária - Plenário