EPIDEMIA

Audiência debate dificuldade de controle da dengue na capital

Em pauta ações de combate e suporte clínico a pacientes

terça-feira, 26 Março, 2013 - 00:00
Audiência discutiu dificuldade de controle da dengue na capital

Audiência discutiu dificuldade de controle da dengue na capital

Realizada na tarde de ontem (terça-feira, 26/3) pela Comissão de Saúde e Saneamento, audiência pública recebeu o secretário municipal de saúde, representantes dos distritos sanitários regionais e integrantes dos conselhos distritais de saúde para debater as ações de combate à dengue desenvolvidas pela Prefeitura e o suporte clínico oferecido à população infectada, diante do grande aumento no número de casos. Também presentes na reunião, funcionários dos centros de saúde e unidades de pronto-atendimento (UPAs) denunciaram falta de estrutura e sobrecarga de trabalho.

“Oitenta por cento dos focos de criadouros do mosquito da dengue estão dentro das residências. A Prefeitura tem que fazer a parte dela, mas o combate diário tem que ser feito pela população”, afirmou o vereador Dr. Nilton (PSB), requerente da audiência e presidente da Comissão. O parlamentar cobrou apoio dos cidadãos na luta contra a proliferação do mosquito vetor, que nasce em locais de acúmulo de água parada.

A Secretaria Municipal de Saúde, representada pelo secretário Marcelo Gouvêa Teixeira, apresentou resumo das ações de controle que estariam sendo implementadas na cidade. Entre elas, a realização de visitas regulares casa a casa (cinco vezes ao ano) para orientação e identificação de possíveis criadouros; monitoramento quinzenal de pontos estratégicos; levantamento anual de casos; integração com as vigilâncias epidemiológica e sanitária; mutirões de limpeza em áreas críticas e limpeza compulsória de lotes abandonados e imóveis fechados, em parceira com a Polícia Militar, Vigilância Sanitária, Controle de Zoonoses e Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).

A Prefeitura explicou que, desde 2010, os casos de dengue são considerados problema de saúde pública e devem ser notificados compulsoriamente por todos os médicos e unidades de saúde do município. Para isso, a PBH criou um formulário on-line, disponível no site institucional. De acordo com os dados registrados, já foram notificados 14,6 mil casos de suspeita de dengue desde janeiro de 2013 até o último dia 20 de março. Desse total, foram confirmados 4,2 mil casos, o que representa um aumento de 34 vezes em relação ao mesmo período do ano passado em que foram registrados 124 casos confirmados da doença.

Prevenção

Diante do aumento nas contaminações, a Secretaria Municipal de Saúde justificou a dificuldade de combate e controle, argumentando o surgimento de um novo tipo do vírus (DENV4), responsável por 60% dos casos, ao qual a população ainda não teria imunidade.

“Nós já sabíamos que esse crescimento iria acontecer nesses meses de chuva. E o que foi feito para prevenir?”, questionou o vereador Juninho Paim (PT). Já o vereador Gilson Reis (PCdoB) apontou para a falta de previsão da Secretaria de Saúde e a fragilidade do argumento do novo vírus: “A Prefeitura foi negligente no combate ao mosquito transmissor no período anterior, deixando a situação se agravar na época de chuvas do início do ano, em que a proliferação é maior”.

Falta de infraestrutura

Contrapondo afirmações da Prefeitura, de que Belo Horizonte teria desenvolvido um aparato exemplar de combate à doença e de atendimento às pessoas infectadas, reconhecido pelo Ministério da Saúde e organismos internacionais, moradores de diferentes regionais, usuários das unidades de saúde municipais e funcionários afirmaram que existe uma grande carência de infraestrutura de trabalho nas UPAs e nos centros de saúde - falta de tubos para coleta de exames e falta de espaço físico e leitos para acomodar as pessoas -; as visitas regulares às casas não estariam ocorrendo e as bombas de borrifação de inseticida (o “fumacê”) não estariam atuando.

Ainda, os servidores apontaram para o baixo número de funcionários nas unidades de saúde, a ausência de médicos e o grande volume de atendimentos – chegando a 400 por dia em algumas regiões – o que estaria gerando sobrecarga de trabalho para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Sugestões

Para melhoria no atendimento e no combate à doença, vereadores sugeriram novas medidas. Para o vereador Bim da Ambulância (PTN) seria importante a realização de palestras educativas regulares nas escolas da cidade, assim como a elaboração de um check list para as vistorias semanais nas residências, relacionando os itens a serem observados (como calha, caixa d’água, vasos sanitários, lonas, piscina...) de forma a orientar o cidadão na manutenção desses locais.

Já o vereador Dr. Sandro (PCdoB), lembrando o risco de formação de criadouro em caixas d’água descobertas, propôs a interrupção do fornecimento de água àqueles moradores que não tiverem suas caixas d’água regularizadas. “É difícil mudar a cultura do povo, mas se as pessoas fizessem a sua parte, já teríamos acabado com a dengue”, acredita o parlamentar.

Também participaram da reunião os vereadores Wellington Bessa “Sapão” (PSB) e Pastor Jorge Santos (PRB).

Assista a reunião na íntegra

Superintendência de Comunicação Institucional