Livreiro recebe homenagem na Câmara Municipal

Amadeu Rossi Cocco, livreiro atuante na capital mineira há 75 anos, recebeu ontem, dia 5 de setembro, na Câmara Municipal, título de Cidadão Honorário, por indicação do vereador Arnaldo Godoy (PT).

Natural de Passagem de Mariana (MG), Amadeu Cocco chegou a BH em 1931 para ser de tudo um pouco, até surgir uma oportunidade de trabalhar na Livraria Moraes. Desde então, nunca mais largou os livros, inaugurando sua primeira livraria de usados, popularmente chamada de “sebo”, em 1948.

Aos 91 anos e dono de uma invejável memória, talento fundamental para o sucesso no comércio, o livreiro desfila suas incontáveis histórias na obra recentemente lançada “Livraria Amadeu”, do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), João Antônio de Paula.

Arnaldo Godoy destacou que pessoas como o ‘seu’ Amadeu é que estabelecem referências afetivas para a convivência cotidiana em nossa cidade. “Sua livraria extrapola a relação comercial. A forma carinhosa e simples com que trata os seus clientes fizeram do lugar o ponto da busca e do encontro de muitas gerações de leitores belo-horizontinos”, destacou.

Aspectos da vida de Amadeu e de sua importância para a cultura de BH foram ressaltados pelos professores João Antônio e Juarez Guimarães e pelo ex-senador Murilo Badaró, que durante a solenidade representou a Academia Mineira de Letras.

“Diz a lenda popular:/ no seu sebo tudo há/ desde o rascunho da bíblia/ à clonagem nuclear/ tudo que você quiser/ pode ir lá comprar” — o cordel de Olegário Alfredo, um poeta de Teófilo Otoni, registra a dimensão da fama de Amadeu e de sua livraria, por onde, há quase 60 anos, passaram e ainda passam os mais importantes nomes da vida política e intelectual do País.

Presidentes, governadores, ministros, escritores renomados, todos clientes do Amadeu, forneceram milhares de ricas histórias que competem com seus 80 mil livros, distribuídos em três lojas. Já apaziguou os ânimos entre partidários de Washington Luís e Getulistas, vendeu uma edição inglesa de um livro de Érico Veríssimo para o próprio autor e abarcou a atenção de Paulo Brossard, quando toda a imprensa mineira se acotovelava na porta de sua livraria para uma entrevista com o então ministro da Justiça. Tantas e incontáveis histórias.

Um talento impar, talhado pela perspicácia comercial e pelo conhecimento profundo da literatura; dono de uma memória invejável, a sutiliza peculiar do povo mineiro e uma capacidade para o trabalho incomum. São 65 anos vendendo livros e semeando imaginação para incontáveis gerações de brasileiros.